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Certa vez, em um dos lugares que moramos, tínhamos no fundo de nosso quintal uma boa quantidade de terra, que frequentemente tirávamos o mato para que pudéssemos plantar sempre uma nova semente.
Um dia um vento forte, muito forte e cruel, invadiu nosso quintal inquietando uma família de sementes, que já carpida e pronta para a queima, aguardavam solitárias a hora de se desprenderem dali e se transformarem em adubo natural.
Esta aragem cruel de um vento que veio sem ser convidado apartou uma pequenina semente de sua família e arrastou-a para longe, levando-a impetuosamente por pedras e vales que indefesa, cansada e aborrecida por sua fragilidade deixou-se lançar ao longe, vindo a cair derrubada e maltratada em uma terra desconhecida. Aqui…como se não bastasse sua dor, rolava e rolava pelo solo áspero de concreto até que parou numa fresta de cimento árido, e ainda desanimada a chorar sua triste sorte, um transeunte pisoteou-a esfregando–lhe ao solo que esmagada, foi apertada junto a fresta aberta do concreto sem que de lá pudesse sair.
Eis então o que pensa: Cá estou, uma semente refugiada do vento e aprisionada pela circunstância, descartada do meu mundo, separada da minha família, totalmente sozinha. Porém como toda semente traz em si mesma a força da própria vida, dentro de seu coração despertou a força da sua natureza, e desafiou a morte…a calçada de concreto e o mundo… decidindo…”Eu viverei”
A partir de então, numa imensa energia contida, aproveitou a sementinha a primeira gota de orvalho que a manhã trouxe absorvendo-a cordialmente, depois um punhadinho de pó aqui e uma brisa acolá, a pequenina semente se cobria e lutava e cada vez mais gritava…”Eu me enraizarei e crescerei.”
Suavemente então, olhando apenas seu potencial de vida formou pequenas raízes e apesar dos olhares de muitos que a julgavam incapaz ou inútil…lá está ela, silenciosa em seu coração, descendo suas raízes a buscar das profundezas de sua natureza o alimento de sua vida.
Em vindo o sol…a chuva…riu-se a pequenina semente e jogou para fora da pequena fresta seus raminhos como a dizer: “Aqui estou mundo, faço-me ainda que em condições impossíveis.”
Não importa a que distancia fomos jogados, se num solo rochoso ou num deserto improdutivo, não importa quantas vezes tentamos e nem quantas vezes fracassamos. Todos nós temos limitações que impomos a nós mesmos e são esses limites que nos tolhem, nos aprisionam e nos restringem, não esqueçamos nunca que o amanhã é hoje.
O sol sempre brilhará num firmamento azul, haverá sempre um dia amanhecendo para todos nós, “Todo fim, pode ser um grande começo.”

Chelin
Dedicatória: dedicado a: aos meus leitores.
Publicado em 17/09/2006 16:46:00 – 3.206 leituras

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